Mano lamenta 'erros bobos' e cita reformulação: "Não podemos criar ilusão"

Mano lamenta 'erros bobos' e cita reformulação:
Agência Corinthians

O momento do Corinthians, a reformulação de elenco e até o futuro do comando da equipe foram temas abordados por Mano Menezes na entrevista coletiva deste domingo, após a derrota do Timão por 3 a 1 contra o Novorizontino, na Neo Química Arena, em jogo válido pela quinta rodada do Campeonato Paulista.

Ao comentar sobre o desempenho alvinegro - agora são quatro derrotas consecutivas na temporada -, o treinador lamentou a falta de concentração na volta para o segundo tempo e o que avaliou como "erros bobos" depois de um bom início de jogo do Timão.

– O futebol é como é. Não podemos criar uma ilusão. Quando aceitei a continuidade do trabalho, decidiu-se por uma reformulação e eu aceitei conduzi-la. Se está andando da maneira como a gente quer, ou não, abordamos bastante e penso que não é desculpa para perder da forma como perdemos. A gente fez um bom início, as coisas estavam indo bem, perdemos dois gols que poderiam dar a vantagem que precisamos quando jogamos bem e tem sido as diferenças nas nossas derrotas, estamos perdendo gols que não podemos perder e tomando gols que não deveríamos tomar. E os últimos dez minutos do primeiro tempo, a gente começou a errar desnecessariamente, o adversário é organizado, nem criou muita oportunidade, mas criou o suficiente para fazer o gol em contra-ataque.

– Fomos para o intervalo, mantive a equipe, porque precisava dar um voto de confiança para ela. Nesta hora quem está fora é sempre melhor, e o treinador começa a perder todos e não pode. Já está difícil, vamos ter que ganhar. Mas voltamos horrivelmente mal, desconcentrados, tentando fazer a coisa de qualquer jeito. Em 15 minutos perdemos o jogo de hoje... A equipe teve força, vontade, se entregou, mas é pouco. É pouco o que estamos fazendo. Não tem achar que o problema são só os outros, temos que assumir nossa parte para melhorar. Entendo a pressão, o torcedor, tudo que ele está sentido, nós estamos sentindo também. Mas o caminho é o trabalho, é árduo. Vamos trabalhar até quando acharem que sou eu que tenho que conduzir o processo.

O Corinthians criou três boas oportunidades para abrir o placar na primeira etapa, mas falhou em erros de finalização. Nos acréscimos, Jenison abriu o placar para os visitantes. Na volta do intervalo, o time do interior encaminhou a vitória em 12 minutos, com mais dois gols de Jenilson. O Timão conseguiu descontar, mas só no fim da partida, com Yuri Alberto.

– A questão não é matemática, você não tem este comportamento no futebol, de que dois mais dois vai ser quatro amanhã. Depende do ambiente, do externo, porque à medida que vem mais confiante você passa a confiança. Temos de parar de cometer erro bobo, este é sempre o primeiro caminho. Ser uma equipe firme, tem que ter humildade para passar pelo momento, às vezes equipe maior como a nossa tem mais dificuldade neste momento, por ter outruo parâmetro de atuação. Suportar bem, o time hoje triangulou bem na direita, teve boas penetrações na esquerda, vimos algumas movimentações que poderiam dar gol no primiero tempo. Depois ficou tudo mais difícil.

Com apenas três pontos, o Corinthians continua na lanterna do Grupo C. O Timão é o dono da terceira pior campanha do torneio estadual neste momento, fora da zona de rebaixamento apenas por causa do saldo de gols - o Ituano, que enfrenta o Botafogo-SP neste domingo, tem menos seis gols de saldo contra menos quatro gols dos alvinegros.

Na próxima rodada, o Corinthians vai até a Vila Belmiro enfrentar o Santos, na quarta-feira, às 19h30.

– O Corinthians tem que melhorar seu rendimento, o problema não está no lado. É nosso rendimento. É o que temos que mudar.

Veja outros trechos da entrevista coletiva de Mano Menezes:

A diretoria prometeu demais?

– Não cabe a mim fazer análise das outras pessoas, cada um tem sua parte no processo, as intenções são as melhores possíveis, mas o futebol é muito duro e não é justo. Ele é como ele é. Estou aqui para sustentar o processo. Nem me lembro de perder quatro jogos seguidos na carreira, mas é assim. Aconteceu agora. Os caras não fazem muita força para fazer gol na gente, mas está acontecendo agora. Tivemos a chance de ouro e não fizemos. Futebol é assim. Temos que trabalhar, é o único caminho.

Saída de Raniele no segundo tempo

– As trocas em momentos difíceis o treinador sempre faz as trocas erradas, sempre quem sai deveria ter ficado. Amanhã eles entram e as críticas vão ser sobre eles. Já estava com amarelo, no intervalo ele relatou, teve uma pequena batida tanto que saiu para ser atendido no primeiro tempo, achamos ser melhor para o primeiro tempo. Optamos pela entrada de um homem mais na frente, a escolha foi por essa circunstância.

– Em boa parte do jogo tivemos o comportamento e se mantivéssemos não teríamos perdido o jogo. Futebol é duro, você não pode relaxar, e nos momentos mais difíceis é mais duro ainda. Temos que passar por isso com a dureza de sempre, trabalhando como achamos que temos que trabalhar.

O que fazer para que, quando os adversários rirem do Corinthians, os corintianos não fiquem furiosos?

– Entre rir e coisa, isso é mais do folclore, não é? O futebol não é de tese, é de realizações, o momento está difícil o suficiente para que a gente fique triste e preocupado, querer resolver os problemas. O que os outros vão querer fazer com a gente é problema deles, nós temos que nos unir, ser fortes e passar desse momento difícil que estamos passando.

Parte psicológica

– A parte psicológica é inerente do nosso comportamento. Se nós estamos fazendo coisas melhores, estamos mais confiantes, se estamos fazendo coisas piores, perdemos confiança. O futebol conta com o futebol externo também. Quando esse ambiente está vendo que estamos bem, ele empurra e ajuda mais, quando ele vê que estamos mal, vem a cobrança. A cobrança gera instabilidade momentânea. O caminho para recuperar a confiança é fazer as coisas bem feitas, coisas melhores, temos que melhorar bastante enquanto equipe.

Substituições no segundo tempo

– Jogamos contra um time com linha de três e com dois centrais. Praticamente, você abre dois homens de beirada para atrair um ala ou a linha de três. Acho que, nesse aspecto, a equipe se comportou bem. Tivemos jogadas pela direita e pela esquerda na primeira parte do jogo. Na minha opinião, merecíamos ter saído na frente. Acho que todo mundo que viu o jogo acha isso. Temos jogadores que fazem essas funções, um deles é o Mosquito, estamos nos ressentindo um pouco de meia central porque nossos jogadores oscilam muito nisso e a equipe se ressente um pouco. O Mateus teve duas oportunidades. Essa era a ideia do jogo, eles com alas, a gente rodando os laterais, o Raniele ali porque é a característica dele. Tiramos a posse de bola deles quando tivemos mais posicionados e acredito que vamos ganhar confiança assim, darmos menos aos adversários e ganhar confiança para voltar a vencer.

Clássico com o Santos

– O jogo foi bem difícil nesse aspecto (calor). Um jogo das 11h é sempre mais difícil, mas não tem o que ficar olhando para trás, temos que preparar a equipe, pensar no adversário. Vai ser um bom clássico.

Possibilidade de Yuri e Pedro Raul juntos no clássico

– Estamos pensando nisso, vamos ver da condição do Pedro Raul que chegou recentemente. O Yuri consegue fazer a beirada pela velocidade que tem, não beirada de ponta porque ele não é ponta, não tem drible de ponta. Ele tem ataque de espaço. Preciso arrumar o posicionamento no meio de campo, fazendo o 1-3-2 ou o 4-4-2. O 4-4-2 é relativamente mais simples porque os jogadores dominam mais, com o 1-3-2 cria um pouquinho mais de complexidade, mas as duas formas privilegiam você jogar com dois centrais.

Você teme que não tenha tempo suficiente para conduzir a reação no Paulistão? E o quanto que a falta de planejamento dificulta o teu trabalho?

– Não quero arrumar muita desculpa para justificar o resultado negativo. O ideal era ter acontecido (registros de novos atletas em dia), mas a realidade é essa. Deveríamos estar produzindo mais enquanto equipe e é isso que estamos devendo.

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