Róger Guedes viveu superação no Atlético-MG antes de ir à China

Róger Guedes viveu superação no Atlético-MG antes de ir à China
Marcos Ribolli

O gol de pênalti diante do São Paulo, no empate do fim de semana, fez Róger Guedes alcançar a marca de 15 gols na temporada de 2023 pelo Corinthians, igualando seus dois melhores anos na carreira: 2022, pelo próprio Timão, e 2018, com gols por Atlético-MG e Shandong Luneng, da China.

Nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), ele volta ao Mineirão com o Corinthians para enfrentar o Galo, no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil. Atrás da vaga e de seu recorde pessoal.

No ano passado, Guedes fez seus 15 gols em 66 jogos (média de 0,22). Em 2018, foram 15 em 38 (0,39): os 13 primeiros pelo Galo, em 28 partidas disputadas, e os outros dois no clube chinês.

Atualmente, são 15 gols em 24 jogos, o que elevou a sua média a 0,62 por partida. Ele é o artilheiro da equipe e a principal esperança do torcedor do Timão para dias melhores nesta temporada.

No comparativo com Hulk, ídolo e artilheiro do Atlético-MG em 2023, Guedes sai um pouco atrás. Tem dois gols a menos, já que o craque atleticano marcou 17 também em 24 partidas (média de 0,70).

Tem Lei do Ex?

Jogador do Corinthians desde 2021 e com mais de 100 partidas disputadas, Guedes guarda bastante carinho de sua passagem pelo Galo, seu último clube no Brasil antes da ida para a China.

Dos 13 gols que fez por lá, aliás, um foi numa vitória por 1 a 0 contra o Corinthians.

Cedido pelo Palmeiras, ele superou um início complicado e conseguiu se destacar em Belo Horizonte. Na Copa do Brasil, isolou cobrança de pênalti na decisão das oitavas de final, na eliminação para a Chapecoense, na Arena Condá. Mas no Brasileirão cresceu e caiu nas graças dos torcedores.

– Houve uma oscilação do Róger no início. Tivemos uma conversa num hotel no Rio de Janeiro (em abril, após derrota por 2 a 1 para o Vasco) em que defini que ele iniciaria o próximo jogo de Copa do Brasil, contra o Ferroviário-CE. Daria essa oportunidade. E ele jogou muito bem, fez gol e dali em diante decolou no Brasileirão – relembrou o técnico Thiago Larghi em contato com o ge.

O auge no Galo, porém, foi curto. Ele se despediu em julho, na pausa do campeonato para a Copa do Mundo da Rússia. Naquele momento, era o artilheiro do Brasileirão com nove gols. Foi negociado pelo Palmeiras com o Shandong Luneng por 9,5 milhões de euros (R$ 41,6 milhões, na época)

– Foram momentos belíssimos do começo ao fim. Sem dúvida, no Atlético-MG vivi o melhor momento da minha carreira – disse à ESPN no início de 2021, bem antes do acerto com o Corinthians.

Parte dos problemas em BH aconteceu por temperamento. Guedes se envolveu em polêmicas ao reclamar de ser substituído por Thiago Larghi contra o Figueirense, num jogo de Copa do Brasil.

O atacante, porém, ficou muito próximo de ser afastado do elenco. A decisão chegou a ser tomada pelo diretor Alexandre Gallo, mas o Palmeiras recusou a devolução. Ao mesmo tempo, Fábio Santos e outros líderes do time, como o volante Elias, reverteram a situação, pedindo uma nova chance a ele.

Até hoje, os dois fazem parte do círculo de amizade do atacante de 26 anos. No Timão, Fábio Santos exerce uma influência positiva em seu comportamento, num papel de conselheiro.

Na mesma entrevista à ESPN neste ano, o jogador admitiu que se incomodava com as substituições feitas por Thiago Larghi, com quem chegou a reclamar por sair sempre no início do segundo tempo.

– Aceitar sair todo jogo com 15 minutos é não dar bola para o futebol. Eu queria ajudar minha equipe, então eu ficava chateado e quem me acalmava no vestiário era o Fábio Santos. Depois, acabei dando a volta por cima. Ele (Larghi) acabou me dando um pouquinho mais de moral. Fiz gols na Copa do Brasil (contra o Ferroviário) e contra o Vitória dentro de casa (Brasileirão), e a gente se deu muito bem. Tenho um carinho muito grande por ele, por ele ter me dado total liberdade dentro de campo e ter entendido o meu temperamento – comentou Guedes.

Ao ge, Thiago Larghi diz que esse episódio da reclamação foi superado e que foi a vontade do jogador que mudou seu cenário dentro do Galo:

– Ele reconheceu (o erro) e ficou tudo bem. No meu modo de ver, a atitude dele que fez tudo mudar para melhor. A nossa conversa foi marcante (no Rio de Janeiro), mas durante o processo tivemos muita gente ajudando e trabalhando para que essa transformação ocorresse: jogadores, comissão técnica, diretoria e o empresário dele. Era um grupo bem unido, que se dava muito bem – lembrou Larghi.

No bom humor

Mais recentemente, em fevereiro deste ano, em participação no Podpah, Guedes brincou sobre o fato de o Corinthians não ter muitos pênaltis a seu favor. E citou o Galo, o que irritou alguns torcedores:

– Antes do VAR, o Coringão mandava. Agora os caras vão contra nós. Por que a gente não ganha pênalti? O Atlético ganha pênalti todo jogo, impressionante. Os outros atacantes fazem dez gols de pênalti por ano. Aqui, eu e Fábio (Santos) brigamos pra bater e não tem – provocou.

Fonte: ge